"Lá vem correndo meia hora de atraso Lotação, pneu furado, essa desculpa já cansou Vem calculando que parentes tem matado Que parente matará e que parentes já matou Misericórdia que era a sugestão do chefe Nesse dia tava em falta, nesse dia acabou Esquartejaram o pagamento do coitado Nem precisa julgamento o veredito já chegou Vai rabugento em direção ao seu banquinho Que sem calço é gangorra sua pouca diversão E vai chamando a atenção do som contando um, dois, três Testando toda a paciência de um cristão Mal começou e logo foi interrompido Por um brado retumbante descontente com o garçom Se acrescido da ambulância e do festejo pelo pênalti marcado Aquilo é quase um revéillon Ouvindo o samba uma senhora bem contente Decidiu ser musicista fez da mesa percussão Com seu batuque muito bem descompassado Embaraçou o dedilhado e levou junto o violão O manguaçeiro veterano da cidade Com um ar de majestade ordenou tocar Raul Declama a todos melodia e pouca letra Um maluco que é beleza um cachorro urubu O nosso herói embora tão contrariado Sabe sua clientela e ao repertório tem pavor De hora em hora toca o hit do momento Que pra ele o fim dos tempos esse hit anunciou Depois de sete parabéns para você Somente irá submeter-se a tão cruel situação Se for vetado todo pique e qualquer com quem será O tal do padre e a bicicleta também não No fim da noite sempre um retardatário Se acha em outro fuso horário e não quer se retirar É nessas horas que se vale da balada Uma bossa arrastada até cantiga de ninar Pro bar ser fechado com muito cansaço Calcula cada passo pra chegar em casa Pra tomar um banho pra poder dormir Depois de deitado em tom de lamento Calcula quanto tempo pra pegar no sono Pra dormir de fato mais ai Um surto um lampejo, epifania, inspiração Dão voz a muito verso e um refrão Não sei exatamente o que dizia mas dizia assim"