Morre esperança Cessa o meu sofrer Arde em mim a ânsia Pulsa em meu viver Descrença ao render Por ti tão gasta devoção Faz de mim, desilusão Se arrastam em mim os Sonhos passados Perdidos, calados Que a vida enterrou Aos meus pés Cada um repousa inquieto Tentando em vão manter desperto O ato de fé que cega o desespero Enxerga esperança, réstia que há em mim Pois ter-te em constância É abandonar o mundo ao redor Me resumir alucinação Cura a loucura e a aflição O que há de humano em mim Recusa o pouco que eu consigo ser Crê que é divino e ao ter um mundo seu O próprio instinto reger Acha em todo bem carnal A solução pra vida se manter Cria pra si uma existência imortal Mas o tempo esvai Meu medo trai Só tu distrai Meu descontínuo entristecer Concedido sempre por você Sem saber por que eu não me abrigo só Meu redor abriga o meu querer Consta em minha ambição Condenar o mundo ao meu prazer Arrogância te ter Insistir numa vida ao revés Me iludir Me prever Crer no universo se curvando aos meus pés Só me faz recobrar Tanto fardo que eu guardo Com tanto pesar Morre esperança Cessa o meu sofrer Se é vasta a tua ganância Invade outro peito, afeito A morrer por fios de fé que eu sigo E aceito um vulgar comum qualquer Destino a cumprir Me resguardar Das desilusões A me retalhar por anseios Que eu não posso saciar Morre esperança pra que Eu possa viver em teu lugar.