Sobre o anjo que caiu e não mais levantou Eu tenho a certeza de que sou como ele Já não mais vejo tua pele como a flor Já sou o vinho tinto que se derramou Sobre as palavras que embebedam sua religião Saem de minha boca já as razões para o ódio Cortando o fluxo sangüíneo que te banha Enlameando o chão para onde procuro a escuridão Sem saber que não existe mais razão Fecham-se as cortinas do espetáculo Os atores sem fantasias de carnaval Sem saber que não existe mais coração Gritem aos anjos - Se eles ouvirem Cortem seus pulsos - Se desistirem E alimente-me Sobre as paredes de minha cela que desabou Tento segura-las ainda acima de meus ombros Já fui o cálice que "esbordou" de ódio Já tive em meu poder a verdade que me desapontou Sem saber que não existe mais hierarquização Enquanto deus almoça no paraíso As criaturas perdem seu juízo E alimentam-me "E nossos sonhos serão inférteis E nossos sonhos serão inerteis." E meu grito para o ar desistiu de ser tão alto Sangrou sem poder voar com as assas de um incauto Tristes foram então as verdades descobertas O corpo morto no chão Oceanos de figuras incertas Percam-se nas fábulas, destruam o sacro e alimente-me