Licença patrão celeste Pede essa voz missioneira O chapéu me cobre o rosto E o lenço é a minha bandeira O meu armamento é o verso E o peito largo é a trincheira De ser peão tenho sofrido Trago os nariz entupido De cheirar pó de mangueira Chapéu com as abas pra baixo Faca afiada na cintura Um tirador remendado Que minha bombacha segura Peço as proteções divina Do pai maior das alturas Que proteja o peão de estância Das lidas brabas e puras Olho pra o céu e agradeço A alma é sentar no arreio Com a paz de Deus alço a perna Com a paz de Deus eu apeio Olho pra o céu e agradeço Ao pai velho criador Que proteja o peão de estância O tropeiro e o domador Depois de café tomado De freio e buçal na mão Pra uma nova recorrida No campo e na criação Curar uma vaca abichada Pealá um terneiro mamão Estes é os costume da estância Onde eu trabalhei de peão Olho pra o céu e agradeço A alma é sentar no arreio Com a paz de Deus alço a perna Com a paz de Deus eu apeio Olho pra o céu e agradeço Ao pai velho criador Que proteja o peão de estância O tropeiro e o domador Meu linguajar de campanha Sou grosso, curto e direto Meu estudo é a quarta série Só pra não ser analfabeto Os meus erros eu mesmo assumo Mas procuro andar correto E de serviço grosseiro Tenho o diploma completo Olho pra o céu e agradeço A alma é sentar no arreio Com a paz de Deus alço a perna Com a paz de Deus eu apeio Olho pra o céu e agradeço Ao pai velho criador Que proteja o peão de estância O tropeiro e o domador Cresci como cresce o pasto Quando é num campo nativo Quando não gosto eu critico Mas quando gosto incentivo Sou uma cria missioneira E é lá nas missões que vivo Cada nascer é um novo dia Mão na rédea e o pé no estribo Olho pra o céu e agradeço A alma é sentar no arreio Com a paz de Deus alço a perna Com a paz de Deus eu apeio Olho pra o céu e agradeço Ao pai velho criador Que proteja o peão de estância O tropeiro e o domador