Esse é meu jardim Regado aqui do lado da linha do trem Esse é meu jardim, onde de tudo tem Esse é o jardim onde cresci nas ruas de terra Jogando bola, barrigudinho de favela Entre vielas e ruas sem saída Crescendo em meio de flores sem vida Pisando nas plantas mais venenosas Seguindo com boa conduta na trajetória Glórias ao rei que sei que me guardou Quebrada que em alguns fatos não se concertou Mas sei que é por amor que cada um continua Entre pessoas de bem e do mau que se mistura Sem estrutura pro jardim florescer Mas mesmo com dificuldade vejo crescer Sonhos no coração de cada morador Ganhando uma missão pra ser gladiador Guerreiros e guerreiras que o pai criou Esse é meu jardim onde aqui estou É nessa que vou fazendo minha parte Em cada jardim plantando a arte Com coragem de davi derrubando gigantes Do pira cangaiba a luta é constante Os manos segue adiante valoriza o dom Que faz os rap louco e pira no som Como diz mano jota do pira pro mundo Esse é meu jardim, aqui vagabundo Este é meu jardim, regado aqui do lado Da linha do trem Este é meu jardim, onde tudo tem Zona leste da cidade de são paulo, cangaíba Me encontro neste complexo, no jardim piratininga Após a linha do trem, porém a entrada é o pontilhão Só duas entradas na quebrada dos trutão Na divisa da cidade, com guarulhos Pira no som, na quebrada do barulho Cresci aqui conheci vários malucos Eu sou do pira, e disso eu tenho mó orgulho To no meu rolê, mas parece ser sexta-cheira Hoje tem funk na quebrada, amanhã é dia de feira Trabalhador e ladrão, vivendo o mesmo ambiente Mostra que o respeito, vem de berço e não tem preço Na segunda intenção, uma atitude já pensada Com o sentimento preso, e a tristeza engasgada Cabes baixo, pálido, voz tremula A realidade da quebrada, não é nada ingênua Saudades do amor, que tanto me ajudou Mas também embaralhou, as cartas do meu cérebro Eu to aqui, vou assim, com o pbl e a lita queen De pouco em pouco eu me levanto, mais é pouco pra mim Quero ver o progresso das favelas com cultura Com muito suor, concluindo a formatura Não quero mais ver sangue, nas minhas flores de ninguém Este é meu jardim, regado deste lado da linha trem