Eu não quero ver você cuspindo ódio Eu não quero ver você fumando ópio, pra sarar a dor Eu não quero ver você chorar veneno Não quero beber teu café pequeno Eu não quero isso, seja lá o que isso for Eu não quero aquele, eu não quero aquilo Peixe na boca do crocodilo Braço da Vênus de Milo acenando tchau Não quero medir a altura do Tombo Nem passar a gosto esperando Setembro Se bem me lembro O melhor futuro este hoje escuro O maior desejo da boca é o beijo Eu não quero ter o tejo escorrendo das mãos Eu quero é Guanabara, eu quero Rio Nilo Eu quero tudo ter estrela, flor, estilo Tua língua em meu mamilo, água e sal Nada tenho vez em quando tudo E tudo quero mais ou menos quanto Vida, vida nova esfora zero Eu quero viver, eu quero ouvir, quero ver Como ruído de chocalhos para além da curva da estrada, meus pensamentos são contentes Só tenho pena de saber que eles são contentes, porque se eu não soubesse Ao invés de serem contentes e tristes, seriam alegres e contentes Pensar incomoda como andar a chuva quando o vento aumenta E parece que chove mais, porque pensar é não compreender O mundo não foi feito para pensarmos nele, mas para olharmos para ele E estarmos de acordo, não tenho ambições nem desejos Ser poeta não é uma ambição minha, ser poeta é a minha maneira de estar sozinho E por isso eu nada, tenho, de vez enquanto tudo, e tudo quero mais ou menos quanto Vida, vida nossa esfora zero, eu quero viver, eu quero ouvir, eu quero ver! Nada tenho vez em quando tudo E tudo quero mais ou menos quanto Vida, vida nova esfora zero Eu quero viver, eu quero ouvir, quero ver