O lugar onde eu nasci De tão feio dava medo A nossa casa ficava Debaixo de um arvoredo Papai pra ganhar o pão Ia pra roça mais cedo Vou contá o que eu me lembrei Com seis anos eu ganhei O meu primeiro brinquedo O meu pai trouxe da venda Um caixote de sabão Colocou quatro rodinhas De madeira feito à mão Fez um volante de arco Imitando a direção Ficou bonito o carrinho Fiquei falando sozinho Com aquele presentão Eu soltava ele lá em cima Onde a estrada terminava E pelos trilhos do pasto Meu carro desembestava E eu vinha pilotando Às vezes me atrapaiava Disterçando do caminho O danado do carrinho Um outro rumo tomava Um presente mais bonito Por que é que eu não ganhava? Essa história de mamãe Que pra mim sempre falava Que nas estradas de terra Papai Noel não passava Mas esse carrinho simples Que meu pai fez de madeira No trilho da minha vida Vai rodar a vida inteira Se a gente não for piloto Vai rolar na ribanceira Porque o carrinho da vida É feito de dor doída E não é de brincadeira