Armei a tela na passagem do caminho Era tão linda a florada lá na serra E cada dia eu pintava um pouquinho Eu não sabia que era o fim da primavera E de repente fui notando coisas estranhas E no meu peito provocando grande dor As flores foram despregando das montanhas E o meu desenho também foi perdendo a cor Tentei pintar um velho carro de boi Que na estradinha do outro lado atravessou Mais uma vez o meu sonho assim foi Fiquei na espera, mas o carro não voltou Eu não sabia que o carreiro ia fugindo Do asfalto negro que rondava por aí E o meu desenho que ia ser muito bonito Novamente na metade interrompi Eu quis pintar a linda pombinha branca Que na galhada do arvoredo apareceu Na hora exata ouvi um tiro certeiro E junto a relva ela desapareceu Fiquei parado, meu pincel caiu da mão E essas coisas pra um pintor machuca e dói Não adianta desenhar a natureza Pois quando eu tento vem alguém e a destrói