Eu fecho os olhos estou vendo Num banquinho de madeira O meu velho pai sentado Bem pertinho da soleira Na porta da casa grande Junto a estrada boiadeira Saudade não é doença Mas é uma dor feiticeira Se eu pudesse voltar lá Pra de perto reprisar Muitas cenas verdadeiras Ver um peão contando o gado Na passagem da porteira E um berrante repicando Que é saudade matadeira O madrinha vai na frente O culatra na rabeira Se algum mestiço escapa Pro peão é brincadeira O caboclo é traquejado E traz o bicho arrastado No chinchão da barrigueira Quando chega o mês de agosto Que no céu faz fumaceira As maritacas gritando Faz o ninho na paineira As abelhas formam enxame Passa fazendo zoeira E o caboclo bate a lata Cheirando erva cidreira Pega elas com a mão Guarda tudo num caixão Na sombra da goiabeira Quando chega à tardezinha Lá no alto da pedreira O lamento do sem-fim Na copada da figueira A noite bate o monjolo No peito da cachoeira Urutau grita na serra Faz eco na ribanceira Caboclo faz uma prece Depois tranquilo adormece Ao lado da companheira