Tião Carreiro e Paraíso

Sombra do Desengano

Tião Carreiro e Paraíso


Olhando o sol descambando
Na ladeira do poente
Dei um balanço na vida
Suspirei profundamente

Fechei os olhos e vi
Na tela da minha mente
O meu passado voando
E chegando ao presente
Trazendo a felicidade
Que no avanço da idade
De mim ficou tão ausente

Vi as pessoas queridas
De quem eu sinto saudade
Vi parentes e amigos
Que foram pra eternidade

Vi os amores que tive
E vi com mais claridade
A mulher da minha vida
Que um dia amei de verdade
Novamente fui feliz
Por rever tudo que fiz
Na infância e na mocidade

Nos prantos de alegria
Senti meu rosto molhado
E vi sumindo da mente
As lembranças do passado

E vi meu triste presente
Onde vivo amargurado
Sem ter alguém para amar
Sem ser por alguém amado
Os golpes da ingratidão
Deixaram meu coração
Para sempre estraçalhado

Não tenho mais esperança
De rever meu ex-amor
Em todo lugar que passo
Só vejo estrada sem flor

É a sombra do desengano
Me segue por onde for
Já não parti deste mundo
Porque sou um cantador
A viola é minha defesa
Com ela espanto a tristeza
E alívio a minha dor