A luz que brilha do olhar da cobra decepada pela faca afiada do osso do carneiro E o pesado arfar do homem em cilada que vomita num banheiro, São como uma entidade que presencia um assassinato sendo um sacrifício por vaidade. O grito da parideira e do bebê que nasce: O primeiro ato, a vida que desencadeia! O messias nasce da menina que já tem força pra ser mãe solteira E olha seu bebe nos olhos, Vê o futuro dele em sua retina: Que é seu filho montado num dragão, Galopando entre as nuvens fúteis Destruindo a cidade com a força de um tufão. A menina descobre fatos inúteis, Pois ela estará bem morta E interrompem-na batendo a porta, atacando, Lhe matarão para seqüestra a criança amada. Ela, com a fúria de um louco leão que pelo caçador branco é dizimado. Seu berro agonizante vem como trovão. Acerta Gaia que cai de quatro chorando, Pois esta doente por sentir nossa doença. Enquanto outros estão viajando E param pra tomar um café em Florença Como se o mundo fosse parar, Com a paciência de Jó e tem que aguardar, Mas ela esta sempre a girar. E eu pro mundo fico de guarda Vendo luas subirem e descerem, Vendo sóis subirem e descerem, Até vejo o mundo preto e branco Mas sempre parto o meu giz de cera, Não me escondo, mas estou no meu canto E o canto é improvável queira ou não queira. Da fogueira das vaidades Onde o homem disseca o homem Ela destrói toda a cidade E sobrevive quem tem sobrenome Se sentem como deuses, Tratam os outros como lixo, Nunca perdem nem as vezes esse é o nosso nicho. De pessoas que sofrem por ter em outros o sorrir, De palhaços depressivos, crianças viciadas Às vezes o mundo, não quero sentir, Pois só aflora mais juventude transviada. E se todos os deuses gregos espancarem um virgem Será igual a seqüestrada que tem apego ao carrasco que a levou a para esfinge? Não muda nada, é adorar quem te abate Quem te usa e depois te mata, É a síndrome da viúva negra. Lembro quando antes morava na mata Entre as chuvas grossas e o cheiro forte Fazia o ritual no bifurcar do rio, Agora a oferenda é na encruzilhada, Se confundem as várias entidades que vagam entre os planos. Apesar da faca ainda ser de osso O que muda é o motivo e o engraçado é que ainda rima Só que o sacrifício era por necessidade, Agora sempre é por vaidade e nunca por humildade. O bebê é mais que santo, Mas nuca vai perceber O mundo não vai deixar ser salvo por ele Em vez disso vai lhe ensinar a domar o dragão Que vai dizimar suas vidas e salgar sua comida É a sina das nossas cidades doentes, Tão feias, tão podres que da pena Então as chamo de bonitas