Sempre tive uma simpatia especial por suicidas Acho que foram os livros que eu li quando era mais jovem, os filmes Os meus heróis sempre se matavam no final Mas, apesar de toda essa simpatia, nunca tive coragem de me matar Sei lá, acho que eu sou meio covarde Mais um palhaço estrelando uma peça de Dostoievsky Entre altos e baixos, numa montanha sagrada de Jodorowsky Refletindo nostalgia num espelho de Tarkovsky Desejando que essa obra nunca tivesse passado de sinopse À la Bukowski, me queimo em água, me afogo em chama Na vila dos cães da cidade das sombras Onde vivem os monstros, onde ninguém tem alma Psicose, melancolia Observando da janela do 13º andar O retorno do rei ao seu castelo de areia Escrevendo poemas antes de pular O ano em que meus pais saíram de férias O primeiro ano do resto de nossas vidas Nascer, crescer, sofrer, trabalhar, repetir Círculos de sadismo Sem um tostão, tal qual Tolstoi A única certeza é que nada faz sentido Cultivando desamores platônicos Criando mitos Mero símio Transitando entre polegar opositor e dente canino Substituindo A Arte Da Guerra pela Arte Do Pensamento Negativo Números em cartas revelam o ínfimo Rachaduras em paredes revelam o íntimo Questionando Neruda se a salvação da vida não seria a morte Já que amor é abstrato como liberdade E quanto mais penso, logo inexisto Carta em descarte O ano em que meus pais saíram de férias O primeiro ano do resto de nossas vidas A energia vital não precisa ser proporcional à fatalidade factual Ajude-se, busque ajuda