Léguas por diante vou mirando o fio da estrada Com a boiada pra noutra estância invernar Pois a estiagem judiou pastiçal e aguadas "inté" a cruzada do arroio fez minguar! Levo comigo um pessuelo de saudades E a ansiedade de abraçar a piazada (é menos mal que lá choveu o mês inteiro) E um ovelheiro pra anunciar minha chegada! Um pingo d'água se topou com meu chapéu Bombeio o céu já negro em "riba" pra chover Peço ao patrão me presentear com tal regalo Que inté o cavalo já quer água pra beber! Desdobro o poncho, que na mala fez querência Em reverência a esta bendita garoa Que vem regar a alma ensoada de angústias Mas "a la pucha" que se veio em hora boa! Lombos molhados vão no rumo da porteira E a prenda faceira, na cancela eu avistei, Colho uma flor de maçanilha no barranco, No mesmo tranco para ela eu entreguei! O campo encharcado rebenqueia a seca embora (deus sabe a hora de afastar o mal e a dor) Tão cedo agora não vai ter poeira na estrada E outra tropeada sobre o vau do cruzador!