Quando tinha quase 11 anos, li um texto sobre o Jack, o Estripador Numa coluna do Artur Varator a propósito do centenário dos crimes de Whitechapel Fiquei tão impressionado que nessa noite não consegui dormir Num pesadelo terrível o Jack, o Estripador entrava no meu quarto e apunhalava-me na minha cama Em pânico, fui ter ao quarto dos meus pais Onde acabei por passar essa noite A essas se somaram trezentas e sessenta e tal Já não no quarto dos meus pais, mas no quarto das minhas irmãs Recordo uma lista de versos da bíblia que a minha mãe me deu para ler Para combater os terrores noturnos que durante mais de um ano me atormentaram Um deles era Romanos 8, versos 38 e 39 E apesar de ler esses textos, na altura parecia que não surtiam grande efeito Hoje, trinta anos depois, de cada vez que leio estas palavras Não consigo esquecer o coração da minha mãe Elas dizem assim Estou certo que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem autoridades celestes Nem coisas do presente, nem do futuro, nem poderes, nem altura, nem profundidade Nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor O amor da minha mãe ajudou-me a ir ao Pai do céu E a palavra que há trinta anos não me permitia dormir hoje dá-me mais tranquilidade E eu canto Deus, Tu és um bom Pai É quem Tu és, é quem Tu és E amado por Ti É quem eu sou, é quem eu sou É quem eu sou