Oh pátria amada! Por onde andarás? Seus filhos já não aguentam mais! Você que não soube cuidar Você que negou o amor Vem aprender na beija-flor Sou eu Espelho da lendária criatura Um mostro Carente de amor e de ternura O alvo na mira do desprezo e da segregação Do pai que renegou a criação Refém da intolerância dessa gente Retalhos do meu próprio criador Julgado pela força da ambição Sigo carregando a minha cruz A procura de uma luz A salvação! Estenda a mão meu senhor Pois não entendo tua fé Se ofereces do amor Me alimento de axé Me chamas tanto de irmão E me abandonas ao léu Troca um pedaço de pão Por um pedaço de céu Ganância veste terno e gravata Onde a esperança sucumbiu Vejo a liberdade aprisionada Teu livro eu não sei ler, Brasil! Mas o samba faz Essa dor dentro do peito ir embora Feito um arrastão de alegria e emoção O pranto rola Meu canto é resistência No ecoar de um tambor Vem ver brilhar Mais um menino que você abandonou