Vai, meu samba, mas não fala nada Vai calado pela madrugada Espera a mulher destinada te aparecer Na barra do amanhecer No fundo de teu poder Guardada Se ela demorar, tem paciência Não te exaltes que ninguém convence assim Aprende comigo a ciência de emudecer Palavra é pra não dizer Promessa é pra não fazer Silêncio é pra merecer Clemência Vai, meu samba, sobe mansamente Vai como um estandarte transparente Por sobre a cidade luzente em febril torpor Se és meu embaixador Desvela meu grande amor Ausente Mas se não valer tua constância Caso teu silêncio não lhe alcance enfim Aprende a não dar importância ao teu criador E apela feito um cantor Que jura com despudor Em rimas cheias de ardor E ânsia Vai