Pedra pão pra fome dos milênios Concreção que o sal corrói Pedra-pomes pra polir os ventos Que nos manda Niterói Pedra sol, o dia incandescendo Quando a madrugada ainda não foi Pedra mar, procela de granito Pirambeira preamar Pedra mármore à guisa de jazigo Só pra lua profanar Pedra mãe, velando pela tribo Velha testemunha ocular Da dança dos deuses Nas águas e sombras Da Guanabara Batuques de Elêusis Mistérios de Donga Sacra seara Sacra seara Os homens passando Saindo de partos Indo pra terra E a pedra esperando Nutrindo lagartos Fora da guerra Fora da guerra Cristaleira de tempo maciço Protegida do trovão Pedra lei conforme estava escrito O destino da nação Pedra rei, gigante adormecido Vem nos redimir, Sebastião! Nas horas escuras A montanha serena Manda um recado ”Sou eu quem procuras O alívio das penas Dos condenados Dos condenados” A pedra falava Ao longo das eras Sempre baixinho Ninguém suspeitava Que no meio da pedra Tinha um caminho Tinha um caminho