Diz o poeta que o rei judeu Subordinado à Roma Imperial Manda matar quem nem mal nasceu Vara Belém, cada varão fere a punhal Teme um rival rei plebeu Reza a razão que a imperatriz É condenada por traição Perde a cabeça oca em Paris Morre com os seus e morre com Deus e não morre em vão Revolução, cicatriz O rei que sangra todos por um E o tribunal que mata uma só Devem ter muita coisa em comum Porém a mente mente e quando a gente sente há um nó Um quiprocó sem norte algum Negar Que há um sentido superior Que a gravidade quer soterrar Mas se a coragem virar compaixão é capaz de ela pôr Tudo o que é dor no mesmo altar Cala a esquerda sobre o Islã Cala a direita sobre Israel Morre-se ontem, hoje, amanhã Calam-se todos, Caim, Abel, Abraão, Ismael Que há só um céu e um satã Para colonizar o porvir E se apossar do que já passou O homem consegue se bipartir Joio no trigo, lobo no amigo, queda no voo Nem sei quem sou sem mentir Mas se a mentira não cai tão bem Pra saciar a honra do herói Meia verdade já lhe convém Sua virtude violenta afugenta os vilões que constrói E ele remói ser mau também Saber E prosseguir fingindo que é bom O guardião de um grão de poder Eurasiano, norte-americano, homem bomba em Hebrom Baixo Leblon, tudo é prazer Onde a palavra povo se lê Leiam-se mais de mil intenções Banto, ariano, maia, malê Até que ponto há um povo que pensa, que inventa nações?