Quando invadir o seu ouvido o alarido vai lhe aperrear É capaz de cutucar dentro da jugular Os tornozelos e joelhos mal conseguirão lhe suportar O couro cabeludo é puro formigueiro Quando então tudo o mais ressoar outra vez A surdez que ficar será singular Você vai escutar apesar e através Com maior lucidez pra separar Dom de dor Banal de bom Tom de cor de som Mil de um Amor de ardil Deus de egum Mas antes disso o rebuliço dissonante assombrará você Furioso fuzuê, gozo e misererê Quedê seu pai, seu dicionário, seu canário, seu valor, quedê? Só resta essa carranca branca feito gesso Se no fim regressar sua velha audição Se a razão corriqueira interferir Cê já vai ter os nervos no diapasão E a serena tensão pra distinguir Dom de dor Banal de bom Tom de cor de som Mil de um Amor de ardil Deus de algum egum Quando bater bem no seu tímpano, seu ímpeto vai ser gritar Mas fique impávido pro silêncio ouvir a música ímpar