Os meus pés tocam o chão Enquanto o mar tocar o meu coração Não deixo o barco afundar na imensidão azul O céu não limite Conheci tanto lugares e há tantos que eu nem sei que existe Me diz o que vês no fundo dos meus olhos Por que tem tantos homens vivendo em corpos mortos? A escuridão ainda os assombra É no âmago do poço que um feixe de luz se torna uma sombra E tomba pro lado de lá Pés sujos pisam o chão onde os meus estavam a descansar Marcando o assoalho com as lamas da vida Fecho os olhos, os mesmos que antes abertos sorriam Mas se não for o bastante pra fazer tudo passar O opróbrio, dos que precisam, se molda em solução Minhas mãos se estendem ao horizonte pra alcançar O que for necessário para cada situação E eu vou mesmo se eu cansar Mesmo que toda a dor me diga pra parar Eu vou, mesmo sem entender Vencendo ou perdendo, sempre há algo a se aprender Pise em mim, faça o que sua raiva mandar Lance os nomes mais abjetos que alguém possa escutar Tira-me aquilo que muitos guardam, julgam ser ouro Pois não me apego a isso, o meu tesouro é outro É onde está o meu coração A cada passo uma pulsação No ritmo constante perante a acusação Na face, um tapa Direita, esquerda Cicatriza Só não pisa as flores que põe cor à minha visão Em meus braços envolvo, protejo Perco tudo menos o bem que eu quero Se preciso, eu largo uma parte de mim só pra te abrigar num abraço sincero Meu corpo sangra com o peso de ser um homem honrado Leve fardo, me leve para algum lugar Com sorrisos ou lágrimas Chuva ou sol faça Que o céu me observe nessas águas navegar E eu vou mesmo se eu cansar Mesmo que toda a dor me diga pra parar Eu vou, mesmo sem entender Vencendo ou perdendo, sempre há algo a se aprender