Quando a semente germina em terra seca é complicado Tipo quando se percebe a dor que logo viria a ter Ouço as batidas na porta, eu abro na inocência Pensamento leve, sem nem saber o porquê Vejo o corte se abrindo, arde, vermelho pinta o céu Vejo a agonia e a arte, parte do que escrevo num papel Nem sei qual é o meu papel (Well, well) Tá chovendo muito aqui Queria poder sorrir Isso dói no corpo e faz minha alma ruir Só queria sair daqui Não aguento mais Pouca idade carregando um fardo desde o instante em que se passa a respirar Só queria paz Tô ouvindo gritos lá fora Todo dia isso insiste em me assombrar Longos anos se passaram Nem sei quantos Mas tenho marcas pra recordar E ainda por cima tinha aqueles outros maus Que viam sempre para me quebrar Reuni os meus pedaços Cacos espalhados pela minha sala de estar Ouvindo risadas, dedos apontados na minha cara Palavras cuspidas pra me machucar Eu pensei que meu sangue fosse bom pra mim E no fim eu vi meu próprio sangue me ferir Não entendi, eu chorei, eu morri, me perdi Me encontrei sozinho num de sorriso que eu fiz Ei, me diz que isso um dia isso vai passar Ei, me diz quando essa dor, enfim, vai parar O que foi que eu fiz? Daria pra mudar? Mas essa cicatriz eu sei que não vai se apagar Do lado de dentro, isolado, protegido, embrulhado Para que eu não sangre mais Vejo do lado de dentro eles vivendo seus momentos em frente E eu ficando para trás O Sol já não tem graça Passatempo em casa Fazendo o tempo passar Tecnologia tá lá Agora eles são bons, querem uma parte de mim Por que antes não foram assim? Seus interesses fazem com que eu seja interessante Depois que se têm o que quer Me põem na estante Amassaram minhas folhas Rabiscaram em mim piadas Droga... Eles rasgaram minha capa Tipo aquele livro velho que perdeu o seu valor Não existe nenhum mistério Mas nem eu mesmo sem quem sou Eu pensei que meu sangue fosse bom pra mim E no fim eu vi meu próprio sangue me ferir Não entendi, eu chorei, eu morri, me perdi Me encontrei sozinho num de sorriso que eu fiz Ei, me diz que isso um dia isso vai passar Ei, me diz quando essa dor, enfim, vai parar O que foi que eu fiz? Daria pra mudar? Mas essa cicatriz eu sei que não vai se apagar O medo faz o que se vê bem na frente Expressa a vontade de mudar Em jaulas abertas no peito da gente A fera tá solta e não sei controlar O tempo passa pra todos nós Desfiz algumas malas, lavei alguns lençóis Apesar do escuro, acendi novos sóis Plantando: Estou só Colhendo: Não estão sós O brilho que eu vi foi o que me cegou Meu erro, minha culpa por acreditar Eu não escutei quando aquela voz falou Poderia não ter quebrado o que vim a quebrar Escuridão roubou minha alma Mostrando suas presas por trás de um sorriso falso Pintando falsa beleza Num poço fui encontrado embriagado de tristeza Com meus membros decepados em volta da minha cabeça Queimado nas chamas de Nero Mano, eu tava no inferno Vendo sua boca mais perto Meu peito todo sendo aberto Pelas suas garras, pelo inverno Nas chamas de gelo, demônio esperto Mas não tão esperto, eu pude fugir Levando sua escuridão dentro de mim Pecados nos ombros Me fiz de cristal Contei meus segredos e o bem me fez mal Me fez tão mal, eu me tornei mal Não pensei que eu fosse um zero no final Lembranças do fardo, do erro, o fracasso Lembranças de quando fui apunhalado Unhas em meu ser, punhal cravado O sangue contido foi contaminado Não era você que tava do meu lado? Deixei de lado, então parti Ouvindo a morte chamando por mim Quem é você? Por que tá assim? Cê não era assim O espelho me fala e eu quebro seu rosto Manchando a minha cara com o fel do meu desgosto O peso, com a gravidade, não deu Quebrou meu pescoço e pela segunda vez eu morri nesse jogo E aí, de que valeu? Me tornei o que só perdeu E aí, será que valeu? Não, não, não valeu O erro foi meu Mas a Lua apareceu Se és minha, eu sou teu Rosa que no deserto em mim mesmo, brotou e floresceu Há muita sujeira rolando, tô tentando não me sujar Mentiras se aproximando insistindo em me lembrar dos erros que eu cometi Com eles aprendi a jogar Caminhando sobre os espinhos Velhos sapatos novos vão me ajudar Eles ainda querem meu fim Não vão desistir de tentar E às vezes eu quero também, muito mais, eu não vou negar O leão que cantou pra mim, de noite me faz descansar O oráculo não me falou, mas eu falei por ele: O jogo vai mudar Eu pensei que meu sangue fosse bom pra mim E no fim eu vi meu próprio sangue me ferir Não entendi, eu chorei, eu morri, me perdi Me encontrei sozinho num de sorriso que eu fiz Ei, me diz que isso um dia isso vai passar Ei, me diz quando essa dor, enfim, vai parar O que foi que eu fiz? Daria pra mudar? Mas essa cicatriz eu sei que não vai se apagar