Quando o fel das minhas palavras Me queimar por dentro Ou quando o mel da raiva Escorrer pela minha boca Você vai dizer que eu sou mau E que eu não tenho um coração Mas não vou me importar pelo que pensam Todos esses "sentimentalóides" de plantão Seu sorriso tolo, frágil Já não me comove mais E tudo aquilo que eu sentia, não me toca Esqueci, deixei pra trás E quando a madrugada chegar Se estiver sentindo frio Não adianta me ligar, não vendo casacos Sou apenas mais um copo vazio A vida já me bateu demais Meus sonhos cor de rosa, hoje são vermelho sangue Não quero apenas ser visto como um caranguejo Que vive com a cara atolada no mangue Melhor ser alguém que tenta Do que ficar parado no ponto do bonde Melhor ser alguém que enfrenta Do que alguém que ante aos desafios se esconde Atire a primeira pedra Se você nunca errou, se faz tudo sempre igual Mas não me venha falar de ética De princípios ou de moral Não tenho mais saco pra ideologias baratas Sua pose de mocinho da sessão da tarde, pra mim tanto faz Pode guardar todos os conselhos idiotas Ou seus discursos intelectuais Eu sou somente um palhaço Recebendo vaias num picadeiro solitário Eu coloco a cara pra bater Eu sempre faço acontecer Me chame de hipócrita Me chame de otário Mas não me acuse de amarelar, de me borrar Com medo dentro do armário