Sou um acadêmico frustrado Que queria ter a vida de artista Um pós-moderno seqüelado Essa injustiça cultural só Nietzsche explica. Componho sonhos, vendo a prazo Mas o real me vem e cobra e é à vista Tem que existir um resultado Arrumo a trouxa e lavo a roupa no analista. Já tentei René Descartes Tentei o Levi Strauss Tentei até o Paulo Coelho... Já tentei Santo Agostinho Tentei Henri Wallon Mas disso dá dinheiro... Tentei Sigmund Freud Tentei o Levinas Já tentei ser Gustave Flaubert... Já tentei o Karl Jung Hipnose com o Braüer Nada disso dá mulher... Já tentei ser o Karl Marx Em protesto estudantil Pras gatinhas de História... Já tentei Henry Thoreau Pra não ser um bom civil Mas nada disso me dá glória... Já tentei ser Fukuyama Tentei ser Adam Smith Para entrar na burguesia... Já tentei ser bom selvagem Como pregava Rousseau Mas nada disso alivia... Eu quero mesmo é ser artista Compor feito Rimbaud E encantar o mundo inteiro... Ser em banda ou ser solista Cantar feito John Lennon E ganhar muito dinheiro... Eu quero ser como João Bosco Pra comprar com o violão A estadia num cabarét... Quero ser a Cássia Eller Quero ser como a Betânia Pra não me faltar mulher... Eu quero ser Elis Regina Quero ser a Rita Lee Eu quero ser esta fusão... Quero ter a minha glória Quero ver minha memória Bem escrita num refrão..