Sol Quem falou que a mouraria é Em lisboa Quem falou que a poesia gosta De estar ao sol Quem falou que nalgum dia o sol Nasceria aqui Viveria aqui Mas é aqui que ele se põe quando o dia finda Anda o sol pelas palavras da minha língua Passa a língua nas vogais e o mar Vai falando Das antigas tradições de um povo Que nasceu aqui Que viveu aqui E é aqui que ele adormece na maré vasa Um cavalo branco Dança na areia do deserto A areia branca E a vida é perto A gramática do mar se aprende cantando Fados que nos ensinou o tempo E a vida Gritos de sereias ao luar Que vêm do sul Que vêm do sol E que serão Cantados até ao fim do tempo