Ouvi um elemental gritar de dor Lá na Chapada onde a mata ainda tem flor Quando a fumaça da queimada no horizonte Sufocava a luz da aurora e a cor Foi lá uma pedreira de Xangô Que eu vi a Iara que o mercúrio envenenou Chorando as magoas na cascata Enquanto a água batucava em Nagô Diz que a água é sangue Rios são veias e os cristais Os olhos múltiplos da terra Qual sementes minerais Deito e o corpo é de pedra Pulsa nu e resiste quieto Ando e a mata é dentro Encontro longe estando perto Sou oásis e o deserto Um som cantando em sintonia Com o eterno no momento Ouvi um elemental gritar de dor Lá na Chapada onde a mata ainda tem flor Quando a fumaça da queimada no horizonte Sufocava a luz da aurora e a cor Foi lá uma pedreira de Xangô Que eu vi a Iara que o mercúrio envenenou Chorando as magoas na cascata Enquanto a água batucava em Nagô Tudo em volta diz Que não há tempo Que não há mais Escuto a voz sacisada Elfos, salamandras e orixás. Gosto de amora brava Zum de abelha voo de arara Relance de saguis Ah! Cada bicho é minha cara Solidão desmascara A escolha exata entre a mão Que arrasa e a mão que faz a casa