Partida entre a vida, a própria sorte e a dor Olhou e sentiu cada cicatriz E tomada de rancor resolveu pôr um fim Em quem abusou do seu corpo infeliz Adeus fiel marido, bom vizinho e papai Pessoas de bem, só do próprio bem Noite feliz! Contando bem contente pedaços miúdos de gente Na noite de Natal ela serviu Um panetone envenenado Uma trinca de passagens só de ida pra um hotel lá do outro lado E aquele crime então seria O início da história da assassina heroína clandestina Agora todo dia a manchete na cidade É de outro corpo infame encontrado numa esquina Com a marca de 3 garras, 3 doses de ricina O recado já foi dado pela anti-heroína Com urgência autoridades já se mobilizaram Juízes, delegados, deputados e não quistos E mal sabiam eles que estavam bem na mira Do perfume com aroma de carro prata na surdina Precisamos descobrir seu paradeiro Precisamos revelar sua identidade Manter a nossa imagem O sorriso imune e branco em cada quadro e faixa Pendurados na cidade Meu jeito é discreto e não grito Hoje o disfarce é perfeito Tem festa do prefeito Tem tanto João de Deus metido a Henry Ford Todos com reservas no Motel Gran Queen Resort E eu de camareira entregando a dose forte Sem perceber, relaxados, de bobeira Cantando: I love you Bebem ricina rosé Mas bebe, vai, tudo Sem essa de: I love you Ricina rose Partida entre a vida a própria sorte e a dor Cortando bem contente pedaços miúdos de gente Contando descontente seu resto perdido de gente Cortando com os dentes pedaços miúdos de gente De gente infeliz Pedaços miúdos de gente infeliz Pedaços miúdos de gente infeliz