Teodoro e Sampaio

Mala Amarela

Teodoro e Sampaio


Era quatro e meia, passava um pouquinho
Um fosco clarinho rasgava o varjão
Era o trem noturno que vinha apontando
E logo parando na velha estação
Meu corpo tremia, meus olhos molhados
O meu pai do lado e a mala no chão
Beijei o seu rosto e disse na hora
O mundo lá fora me espera, paizão

Entrei no vagão, corri pra janela
E a mala amarela do velho catei
O trem deu partida, saiu bruscamente
E ali novamente sua mão eu beijei
Um pouco pra adiante vi minha casinha
E a minha mãezinha ali no portão
Ela não me viu e do trem na corrida
Ouvi as latidas do velho sultão

Um certo senhor da poltrona vizinha
Dizia que vinha do paranazão
E disse também de um jeito cortês
É a primeira vez que deixo o sertão
Pedi seu conselho e ele me disse
Seu moço a velhice é dura demais
Eu sou bem mais velho e posso aconselhar
É duro ficar distante dos pais
Eu nunca esqueci o que o velho falou
O tempo passou e pra casa voltei
Quem fica distante jamais se conforma
Lá plataforma sua mão eu beijei
Desci comovido, meu pai me abraçou
E me perguntou eu não vi a mala eu não vi
E eu respondei na fala de um homem
Pra não passar fome a mala eu vendi