Zé da Silva homem forte Também veio lá do Norte Pra miséria esquecer Como toda maioria Ele tinha uma família E vontade de vencer Zé não era homem tolo Um artista do tijolo Sabia o que fazer Pôs as mãos na ferramenta E a cidade barulhenta Não parou de crescer Num dia de pagamento O Zé vinha feito vento Tinha pressa de chegar Levava com alegria Um presente pra Maria E a mistura pro jantar Fim de tarde, noite fria Uma voz que lhe dizia Passe a grana ou vai dançar Oh! Meu Deus que agonia O Zé volta no outro dia Tinha que recomeçar Mais um dia de serviço O Zé chega feito um bicho Pra encarar o mundo cão Trabalhou feito um jumento Roubaram seu pagamento O que fazer só com a razão Mesmo ferido por dentro As mãos sujas de cimento Vai construindo o progresso Porque apesar dos pesares Zé da Silva são milhares Nesta selva de concreto Zé da Silva Brasileiro Na profissão de pedreiro É um artista do cimento Raça que ninguém segura Não entrega a rapadura Apesar do sofrimento Raça que ninguém segura Não entrega a rapadura Apesar do sofrimento