Desconfiei que tinha gente me cuidando Me seguindo, me vigiando por todo lugar que eu ia E nem por um instante eu estava sozinho Uma pedra em meu caminho toda hora, todo dia Era a vizinha que não tinha o que fazer E cismou de me querer, não saia do meu pé Não era detetive, porém me vigiava O que eu fazia ela contava tudo pra minha mulher Conta pra ela, correu, vai conta pra ela Conta pra ela o que eu fiz o ano inteiro Conta pra ela eu dormi com a secretária Que pra sair com a empregada até ofereci dinheiro Conta pra ela, correu, vai conta pra ela Que até me viu no forró de madrugada Que nessa noite eu deitava e rolava E de fogo eu abraçava toda aquela mulherada Eu me cansei de ser o vilão da história Armei um plano na hora e acabei com a fofoqueira Saí com ela contra a minha vontade Eu queria na verdade acabar com a brincadeira Hoje a vizinha já não sai mais no portão O seu fogo virou carvão, já não corro mais perigo Hoje ela vive na palma da minha mão No bico do gavião, de rabo preso comigo Conta pra ela, corre, vai conta pra ela Conta pra ela da sua noite passada Conta pra ela que matou o seu desejo Que alguém lhe cobriu de beijo até de madrugada Conta pra ela, corre, vai conta pra ela Se tem coragem, conta que eu quero ver Conta pra ela, corre, vai conta pra ela Que eu passei a noite inteira com você