Quando a sanfona se abre E o violão entra de manso Ghega um improvisador Naquele passo de ganso Se acaso eu tiver por perto O passo dele eu acerto Sem lhe vencer não discanso Sem lhe vencer não discanso Certa vez um tal de onofre Chegou fazendo proposta E eu disse hoje tu sofre Levei o dinheiro dele Não esqueço o dia aquele Que nem mexi no meu cofre Que nem mexeu no teu cofre Acabou tua miséria Eu estou chegando agora Andava meio de férias Mas quando ouvi o teu papo Me atravessei que nem sapo Prá tratar de coisa séria Prá tratar de coisa séria Ninguém me causa transtorno Não tinha te visto aí Mas tu me fez o retorno É antiga a nossa richa Mas nem que tu te remecha Não tira o pão do meu forno Não te tiro o pão do forno Teixeirinha não me inerva Eu tiro o pão do teu forno E a cebola da conserva E atiro tudo prá cima Porque no verso e na rima Nunca fiquei na reserva Nunca ficou na reserva Quem quiser que se arremangue E traga o talão de cheque Mary eu quero que te zangue Não me ganha e não me furta Tu vai ver que a coisa encurta Depois que ferver o meu sangue Depois que ferver o teu sangue Enbrabesse esquenta a cuca Traga o dinheiro e o juiz Que hoje eu encho a combuca Minha idéia está fervendo Traz o dinheiro correndo Se não eu fico maluca Se não tu fica maluca Mas hoje tu perde a fila Toma cuidado menina Que o teixeirinha não coxila Te venço sem sacrifício E construo um edifício Prá sombriar na tua vila Prá sombriar na minha vila Constrói um arranha-céu Não quero sombra na vila Onde o sol faz escarceu Lá o meu povo é liberto E que te venso estão certo Dinheiro roupa e chapéu Dinheiro roupa e chapéu Tu tá ficando caduca Construo o arranha- céu Perto da tua arapuca E prá falar a verdade Vou transformar em cidade Tua vila michuruca Minha vila michuruca Então constrói se és macho Espero ele ficar pronto Depois eu faço o que eu acho Será mesmo indiscutível Ponho uma bomba explosivel E o teu prédio vem prá baixo E o meu prédio vem prá baixo Isso é pior que um furto Talves tu pegue uma febre E essa febre vire surto Aí da vila tu sai Porque o meu prédio não cai Com bomba de paviu curto Com bomba de paviu curto Cai tijolo por tijolo Cai ferro cimento e cal Depois eu dismancho o bolo Continua o meu casebre E o teixeirinha que se quebre Que nem água de manjolo Que nem água de manjolo Moça linda e orgulhosa Depois de meu prédio pronto Tu dirá coisa mimosa Na frente terá um jardim E tu vai chegar prá mim Prá me pedir uma rosa Prá te pedir uma rosa Morei no teu pensamento Depois vai querer me dar O mais lindo apartamento Aí eu vou mais além Quero o coração também E te presto um juramento E me presta um juramento Fiquei surdo fiquei mudo Aceito o teu juramento E o teu pedido graúdo Para a gaita e o violão E leva o meu coração Com tripa mondongo e tudo Com tripa mondongo e tudo Na vila terá asfalto E o nosso apartamento Será aquele mais alto Terá conforto e mordomo E a nova vida eu retomo E contigo jamais me exalto.