Ai ai meu Deus quando eu não mais cantar Não viajar pela querência a fora Não ver os campos e as verdes matas Tenho certeza que os meus olhos choram Não ouvir mais cantar os passarinhos Desafiando o poeta que sou Vão me encontrar morrendo sozinho Pobre poeta que o tempo apagou Agora eu vejo este tapete verde Campos que acolhe a boiada pastando Estas estradas que não tem mais fim Este poeta percorre viajando Quando a velhice branquear meus cabelos As minhas forças chegarão ao fim Os campos verdes, não poder mais vê-los Lá na cidade o que será de mim Quando eu não ver uma roça plantada Rios e riachos que correm do pago Ver a poeira levantar da estrada E uma chinoca me fazendo afago Podem contar que eu estarei morrendo Na minha casa dentro da cidade A vida é curta eu estarei dizendo Ai, ai, meu Deus como dói a saudade Hoje sou novo amanhã sou velho Depois de velho se perde a paciência Se eu poder me agarro num bastão Vou me arrastando ver minha querência Aí então respondo pro destino Quando eu morrer me enterre num campestre Tomba um poeta que já foi menino Sentindo cheiro da mata Silvestre