Na janela, uma voz Gritaria no portão Já é dia, já é hora Todo mundo está lá fora Com o tênis na mão Esperando dindilim Artilheiro e capitão Da rua cláudio manoel O café da manhã! Grita a mãe no corredor Eu já estou muito longe Solidário, companheiro Pois eu sou dindilim Já não posso mais ouvir Só consigo perceber O som de uma bola oval Nas paredes, nos portões De metal Tudo agora é gol, é gol, é gol, é gol No açougue e no bar Todos prestam atenção Para os cinco que desciam No passeio da avenida E lá vem, a subir Caudirico e caldeirão Zêro, caco, cabeção Da contorno, é um timão Preparar, apostar E marcar o caldeirão Que só tem o pé esquerdo Mas é muito perigoso E correr e chutar E suar de escorregar E berrar de coração Cada gol comemorar Cada erro lamentar Enxugar O juiz roubou, roubou, roubou, roubou Nunca foi fácil, não Sempre era pau a pau Para cima e para baixo Corre gente, rola a bola Mas na queda de dez Gol pra lá e gol pra cá Eu me lembro de ganhar Muito mais do que perder A alegria geral Foi de um, será que foi? Quem ganhou lá vai cantando Foi de dois, de três, de quatro Foi de cinco, não foi E de seis, de sete foi E de oito ou nove foi Ou será que foi de dez? Sobe a rua o vencedor E lá vai Descendo o perdedor, é dor, é dor, é dor, é dor Na janela, uma voz Gostaria de ouvir Me chamando: Está na hora Todo mundo espera agora O pescoço, o cascão Muquirana e jiló O boi-vaca e o dodô O toureiro, o freio-de-mão Eu queria voltar A jogar com o pessoal Todo mundo foi crescendo Foi virando gente séria E a cidade cresceu Com os carros se casou Suas ruas asfaltou As montanhas derrubou Só me resta lamentar E xingar O juiz roubou, roubou, roubou, roubou