São pequenas mortes como cortes Entre o sonho e a loucura da felicidade pura Arqueada de amargura saciada pela usura De manter a noite escura pra que nada se revele Nem o pelo e nem a pele nem o nome e nem o rosto Só o gosto, São pequenas mortes mas tão fortes Que parecem outras vidas só que muito mais doídas Atiradas, atrevidas lambuzadas, esquecidas Renovadas, repetidas pra que tudo recomece Feito mantra, feito prece a um deus misterioso Nosso gozo São mortes pequenas são apenas Essas nossas naturezas descobrindo outras belezas Dentro das nossas fraquezas Que mendigam gentilezas E arrebentam as represas Dos desejos mais impuros Entre gritos prematuros E gemidos abafados Tão molhados, molhados Dentro de você, meu fim minha morte sai de mim Sua morte me recebe pelo tanto que me bebe Nossas mortes de mãos dadas dividindo as madrugadas Sua morte sendo a minha quando a minha morte vinha