Breve, sua Breve Sombra constante Me segue Segura, torce e quebra Meu lado humano Um descuido se cria E cai O abismo não está cheio a ponto de transbordar Está apenas até a borda Nenhuma culpa Água flui e não se acumula em parte alguma Passa por lugares perigosos Preenche todas as depressões antes de seguir adiante As coisas não podem pertencer a um estado constante de sobrecarga Um copo, uma tigela, uma jarra Não poderá nos conter Somos água Mergulho em escuro e fundo rubi bruto Mãos cegas em culto não podem me ver Filho fruto de imaculado entulho Água quieta em queda não molha você Correnteza sou eu que te sugo em abismo profundo Se me quebra a dura tensão superficial, me molho Fortes nos despejam em mar Até os destroços se deitam Eu nunca adormeço Ao invés, me perco em espelho Seu beijo, meu desejo em cacos dissolve Uma estrada, água negra passa apressada Meus olhos se fecham E se deixar que me levem? De seu braço, meu berço Água feita de pele Que me arraste em ressaca Pois já sei o que quero Nem mais fortes nem terra Correnteza se mexe e eu caio Eu caio Abro os olhos e os lábios Lá fora, verde água claro Mande um beijo e um abraço É que eu quero cair