Valsando a vida infeliz Procuro um rastro de giz De um passo ou laço perfeito Que una seu par à sua mais bela atriz Alma, cenário, história, tulipa Como se estivesse em Paris Calçando a rotina Sonhando essa valsa antiga, albina da dor Vou me tornar seu autor, vou recriar seu sabor Balanço seus braços, um polvo, lhe envolvo Invisto no meu pas-de-deux Ouço a canção me entrego em vão Vou lhe soltando, então Tento engolir, sem me redimir, a dor do meu dissabor Valsando a vida que quis Me sinto um grande aprendiz Desfaço, disfarço, meu peito que arde E sangra qual um chafariz Calma, afago, memória, lembrança Sonhando estar vis-à-vis Encaro a retina Me olha, tão falsa Abriga a pele em bolor Dança comigo uma vez, posso viver mais um mês Sou seu palhaço, um louco perdido Na pele de um pobre plebeu Apunhalado, corpo abaulado fingindo não suplicar Eu vou ficar sozinho e sem ar Basta enfim recomeçar Eu fui feliz por um triz