Sentado com uma arma engatilhada na mão Ao se lado uma garrafa vazia de castillo san simon Do heliporto no cruzamento com a avenida brasil Ele avista os edifícios As luzes brilham fazem bling bling Nove meses antes aquele homem vislumbrado, Um jovem artista da periferia que ganhou notoriedade e status, Bancava vadias, comprava bebidas, Roupas de grife ele exibia Sentia o vento em cariciar sua pele negra, andando de moto a noite quem diria Embora não estudasse muito Seu peso estético casou tumulto Afinal, quais seriam suas chances? Pobre, preto loco e sonhador Contra aquela puta de olhos de amendoa cabelo escorrido Formada na faap Pai empresario, mae socialyte Pagando para curador Para ter de destaque Em sua galeria hype de arte É meu chegado Mas as vezes os deuses bagunçam tudo E quem souber subir nessa porra Fio de cabelo torna-se elevador luxo Ele abaixa o nariz E vai contudo Então inspira Inspira Inspira fundo Então inspira Inspira Inspira tudo Caixa de sms lotada Calça manchada Camisada amassada Visão embaçada Ele flipa fotos do seu telemóvel Uma mistura de raiva e prazer Sua mente é tomada As maos tremem Acende um cigarro Enfia a mão no bolso e nao encontra nada Apenas lembranças conturbadas De uma infância devastada Ele volta a si e escuta risadas Ele desce pela escada De incêndio De onde ele flagra Sua vernissage Mulheres rebolando Jovens alucinando Velhos aliciando Foi por isso que você lutou? Ser mais um escravo do mercado Mais vendido controlado? Que esqueceu seus aliados? Porra caralho! Quem ta do seu lado? Você foi comprado Ou se tornou mais um otário Pique boy cherado Só falta o nariz de palhaço Atormentado por fantasmas do passado Ele sabe que esta tudo errado E o porque de seus idolos Terem esse mundo deixado Agora é tarde de mais para voltar Ele apenas tenta respirar De olhos bem fechados Esperando momento certo para o disparar. Então respira Respira Respira fundo Então respira Respira Respira fundo.