Laço de couro Trança fina e caprichada Pra pegar boi na invernada Sempre foste absoluto Pois o progresso Em sua marcha eminente Não criou um concorrente Para seu substituto Laço de couro Ao te ver enrodilhado Na parede pendurado Me invade a tristeza Porque me lembro Que em tempos bem distantes Nos transportes dos marchantes Te manejei com destreza Laço de couro Não que eu era convencido Mas fica envaidecido Vendo seu rodopiar Caindo certo Na cabeça dum garrote Fazendo virar cambote Para o povo admirar Laço de couro Quantas vezes na quebrada Qual serpente envenenada Segurando um pantaneiro Laço de couro O ringido dos seus tentos Era um divertimento Pra este velho boiadeiro Laço de couro Já venci o meu fadário Mas guardei no relicário Da minha imaginação Todas as glórias E os prazeres que me destes As jornadas mais agrestes Do meu tempo de peão Laço de couro Que nunca teve embaraço Manejado pelo braço De um peão forte e ligeiro Laço de couro Até hoje é aplaudido Pelos peões destemidos Nos rincões do mundo inteiro