Meu velho chapéu de aba larga Quanta lembrança me traz Do tempo de capataz Tocando boi nas estradas Sua barbela de couro Trançada com muito esmero Me deixava tão faceiro No meio da peonada Hoje velho e surrado Do meu acervo faz parte Igual uma obra de arte Que eu não troco por nada Tirando boi da invernada Se o vento forte soprava Sua aba levantava Com ar de soberania Sua barbela de couro Como a querer te ajudar Pro vento não te levar Em meu queixo te prendia Para matar minha sede Quantas vezes na coxilha Na falta de outra vasilha A sua copa servia As marcas e riscos de espinhos Me fazem lembrar nossa luta Tirando boiada bruta Do meio do carrascá Domando um potro xucro A todos eu divertia Quando contigo batia Na cabeça do animal Contente com os aplausos Que muito me emocionava Feliz eu te acenava Pra multidão em geral Chapéu velho empoeirado Exala cheiro de suor Pra mim tem bem mais valor Que uma corrente de ouro Quantas caboclas bonitas Deixaram como lembrança Marcas de dentes na trança Em sua barbela de couro Do meu passado distante Você é a joia mais cara Entre as relíquias mais raras Você é o meu grande tesouro