Quanto fel irmão A ira que te eriça a pele O gosto que te amarga a boca Descompasso irmão O dito que não é desdito A fenda que se torna funda Dói demais viver de ódio Baixa a guarda e deixa eu te mostra Que o que você sente é medo, não raiva Que o que você sente é medo Quanta urgência, irmão O pulso que te explode o peito A espada que pressiona a nuca Que loucura, irmão O ponteiro te ditando o passo O agora que não chega nunca Não dá pra viver correndo Dá a mão e deixa eu te mostrar Que o que você sente é medo, não pressa Que o que você sente é medo Que o que você sente é medo, não pressa Que o que você sente é medo Que algazarra, irmão O estrondo que te deixa surdo O barulho que te entorpece a fala Te aquieta irmão Só quem cala pode ouvir direito A voz que vem de lá de dentro Dói demais viver no caos Silencia pra poder notar Que o que você sente é medo, não tédio Que o que você sente é medo Que o que você sente é medo, não tédio Que o que você sente é medo Medo de que a verdade que eu prego seja uma cilada Medo de que o Deus em que eu acredito não venha me salvar Medo de que o tempo me largue na beira da estrada Medo do comboio que segue me deixando pra trás Medo de que o negro da noite não me cale a alma E que ouça o choro que calo dentro de mim