O relógio que toca às seis horas da manhã Bem pra mim é o fim, ou o começo do fim De um dia onde tudo é sempre igual E o aborrecimento é normal E quando alguém tenta anular o mal É quase um milagre matinal Pois a vida é assim, parecendo o fim Se não tomo cachaça e guardo um troco pro jornal É a escolha do fim, de notícias assim Sem beleza e sem a nossa voz De um futuro não decidido por nós Cansados e dormentes de existir Resistindo ao infortúnio de cair Sem se poder sorrir, sem ter pra onde ir Ligo o rádio que toca um sucesso tão boçal Sem lirismo enfim, sem poemas pra mim Que não perco a esperança marginal De ver essa gente tão sem sal No tempero que nos fazem engolir No amargo que nos fazem explodir.