O último lobo a cruzar essa chapada Vermelho, furtivo, brasa da queimada Talvez saia 'de banda', num velho disco voador Um quanta, uma possibilidade de vida Mínima, uma possibilidade de samba Dança o Lobo Guará com o Índio Goyá Índio ficção, índio que não houve nem há Perdeu-se o índio e a terra do índio Não sobrou nem mesmo o nome Nem o da rosa, que foi embora, nem o do índio Pedro, João, talvez Raoni, talvez seja O último lobo Krahô nessa estrada Apague a negra luz, os faróis da madrugada Olhos de lobo mordendo a noite Onde brilha o fogo, bruto brilho Lobo correndo, queimando, correndo Pelo fogo cerrado, fogo cruzado, fogo Último lobo vermelho índio que houve E que quase não há Índio que houve, um quase não-lobo Índio, Lobo-Goyá Último lobo brilhante fogo que houve Não-índio estelar Índio que houve, último lobo Índio-Guará