[Mel Duarte] Não é de hoje que calam meu grito Abalam meus instintos, ambos pela dor Por ter nos olhos esse brilho Essa herança bem quista dos genes de meu bisavô Não é só pela preta cotista, a casa própria da diarista Ou qualquer outra conquista Dos que fazem parte da história de uma terra que você usurpou É ver o espaço ocupado, a mulher preta, pobre no doutorado Retomando seu legado, sem dizer: Sim, senhor! Nos querem supérfluas, apáticas, sem senso crítico Nos moldam em estéticas, inépcias, estratégia sádica orquestrada por cínicos Eu rejeito teus dogmas e mantenho a perspicácia no meu raciocínio Ainda observo bem atenta os que compactuam com a tua lógica ilícita de extermínio Senhores em seus altares, disputando egos maiores Supremos, palácios, planaltos, pra que possam se sentir superiores Influentes na arte da intolerância Não sei como se cria tanta mente ambiciosa, tolhendo anciã sabedoria Nos oferecem uma mídia abastada Interesseira e interessada apenas na morte mas não em quem mata Como será que um corpo suporta tanta violência inescrupulosa? Como é possível dormir com as vozes em minha cabeça de tantas irmãs mortas? Nossa almas pedem por socorro e ninguém nota! Eu só peço a Oyá que me guia Mantenha-me longe dos senhores fardados do mato e sua milícia Me diz, o que te assusta? A farda, a gravata ou a luta? Perceba que nessa disputa, conheço teu caráter pelos heróis que cultua [Bianca Hoffmann] Eu não arredo o pé daqui, enquanto não houver mudança Vilã, guerreira, combatente, arqueira avança, a flecha lança Pachamama que me chama, invoca, pede proteção Cantei pela floresta, unindo as lobas pra missão Primeiro plano já traçado, alcateia invade o Senado Rap é meu uivo de protesto no meio do pasto Construção desse palácio, destrói meu estado Cegando vários, educando robôs programados Dançando em meio à guerra estilo Feminine Hi-Fi Polícia arrasta, sai sai! Punhos pro alto: Do you don't like Ativo a bomba! Trabalho de formigas operárias lapidando diamantes no contra Voz ativa causa fúria pra quem faz parte do enredo É combate, não luxúria. Mídia alimenta o medo Qual o preço que tem seu tempo? Colocam um valor e nem perguntam se eu quero o mesmo Eu não vou calar minha voz Mesmo que o resultado venha só no futuro, não estamos sós Eu não vou calar minha voz Motivo dessa luta nunca será só por mim, será por nós! [Souto MC] Conta sádica, quantos perdemos de forma trágica? Nunca fecha a matemática dessa chacina histórica Vivência da teórica Pra nossa pergunta a resposta é lógica Quem matou Marielle e os cinco em Marica? Rotina áspera, ácida e eu não posso esperar Sigo meu passo pelas posse, eu quero é prosperar Fazer virar, resgatar Trazer de volta à vida cada sonho que um dia eles tentaram matar Visão externa fora da caverna Fugindo da ignorância que mata e nos congela A chama do conhecimento brilha eterna Isso não é Souto pela Souto, isso é a Souto por elas! Eu tenho um plano, parceiro Todo plano real envolve dinheiro Fazer devolver tudo que é nosso por direito Depois aposentar minha mãe mais cedo Enriquecer os pobre, cobrir de cobre Ao contrário do que fez Macedo Hip Hop reluz, ouro genuíno Germinando nos versos força de leão na mãos dos meninos Destinos manuscritos, ecoam os gritos: Vivos! Estamos e continuaremos infinitos! [Cris SNJ] Sonhos ainda precisam de seus sonhadores Apesar do presente ser palco e mais valores Constituição, filme, roteiro e ação Medidas imediatas fazem intervenção Silenciando pessoas com muita opinião Sinto-me operária em construção Se estamos libertas, não há escravidão Vozes na favela, gritos, microfone na mão Sabotage nas vielas, rei no Canão Imortal do Rap, canta em outra dimensão Típico problema sem solução A classe dominante aponta e cria mais um ladrão E não se preocupa com a maioria Gente pobre, gente preta da minha pele Exclui da lista o nobre Por isso eu canto contra tudo que fode meu gueto Honrando os 4P: Poder Para o Povo Preto Ostento mesmo minha cultura, meu estilo, meu jeito R.A. p., essa é a sigla que tenho no peito Isso é conceito, eu sou Negona, prazer preconceito Me conheça e eu desfaço o que você tem feito [Killa Bi] Tão tirando minha vontade de viver Cada morte mata o que era pra crescer Não sou eu, mas me vejo em você Corro no certo e não aceito mais perder Sistema treme, uma mulher foi presidente Não mais presa, ando caçando os que mente Falhou o plano de destruir as mente Me criei arisca e, de quebra, inteligente Governo limpa a cidade matando a gente Só corpo preto boiando nas grande enchente Ainda me pedem pra ser paciente Nasce a assassina e morre tudo o que sente Quero cinco minutos com o Michel Temer Ajoelhado bem aqui na minha frente Prometo agir de forma consciente Fazer ele sangrar por dizimar nossos parente Palavra dita dura é quente Mães enterram filhos adolescentes Se a minha chora e a sua não sente Começo a cobrança arrancando os seus dente Avisa a eles que eu não vou parar Avisa aí que eu não desci para brincar Num sistema onde já nasce morta Político idiota, nossa cota é te matar Avisa a eles que eu não vou parar Avisa aí que eu não desci para brincar Num sistema onde já nasce morta Político idiota nossa cota é te matar!