Somos cegos que enxergam Surdos que ouvem Olhamos e ouvimos apenas o que nos seja Conveniente Escutamos e ouvimos Apenas aquilo que nos seja agradável Não conseguimos ver longe nem escutar Com sabedoria o soar Do trovão que vem do horizonte Corremos para recolher a criação Apenas quando as primeiras gotas fortes de água Nos surpreendem no impacto com o telheiro Cegos da última hora Surdos da última hora Cegos da última hora Surdos da última hora O céu já está escuro O vento já anuncia a chuva E nós, invigilantes nos deixamos ficar Na situação daquele que espera o inevitável Para adotar as medidas Que já poderiam ter evitado Toda a correria da ultima hora Muitas vezes inútil e funesta Cegos da última hora Surdos da última hora Cegos da última hora Surdos da última hora