Em meio ao barulho de carros, motores e celulares Em todos os lugares na grande selva de edifícios É quase impossível ouvir o pulsar do coração do ser humano Que hoje vive sem caminho nem direção, escravo do seu ego E da sua própria vaidade, que confunde necessidade com Ostentação Pois o que ontem era suficiente, hoje é pouco demais Mesmo que tenha o que sonhou isso não mais te Satisfaz Amar é tolice! Ser bom: Sinônimo de burrice! Quem foi que disse que o amor existe hoje em dia? Pois a minha poesia se perdeu entre as linhas do caderno Onde escrevo os desamores desse mundo moderno onde não vivo E apenas sobrevivo, em meio ao barulho de carros e Construções de prédios Meros concretos, sem por nem brilho e sentimento Onde pássaros não pousam mais em árvores e sim, sacadas De mármores e fazem seus ninhos em monumentos de concreto, ferro e Cimento Novos tempos Novos tempos, novos tempos Pessoas sem tempo pra amar Selva de concreto, rua e cimento Onde tento viver e sonhar Viadutos viram casas Papelões viram colchões Latas viram panelas Lixo se tornam refeições Jornais cobertores Pessoas animais Tratados como pragas do tempo moderno nas grandes capitais Na terra do consumismo onde o consumo te consome Onde compro o que não preciso para saciar minha fome De poder, de querer, de ter, e mostrar A vida é um grande carnaval, "cê" tem que se fantasiar pra ser alguém Pelo que tem, nunca pelo que é Buscando brilho do ouro ou no estrondo numa balada qualquer Ou pela mulher do seu lado relógio no pulso, carro na garagem ou pela marca de roupa que uso E assim transito sem um brilho na retina, procurando amores Felicidades nos bares de esquina Pois a rotina tirou a inspiração da poesia Tirou as cores do pincel do quadro que o pintor coloria Tirou a emoção da canção e de quem a fazia Tirou a felicidade do palhaço e o sorriso da alegria Tirou as cores do arco-íris e o canto dos pássaros Tirou a força da luta e pôs o medo do fracasso Tirou o brilho do olhar e te deu óculos escuros Tirou o prazer de caminhar e te deu transporte rápido e seguro Me deu a paz através de armas e grades O amor próprio através de fama, status, quilates Me deu a liberdade por isso devo agradecer por aumentar a Corrente da bola de ferro presa no meu tornozelo Novos tempos Novos tempos Pessoas sem tempo pra amar Selva de concreto, rua e cimento Onde tento viver e sonhar