O dia começa antes do sol E na cidade de dorme ninguém quer saber De quem são os braços que movem a roda Mas que perpetuem quem está no poder Os muros que cercam o local de onde eu venho Não são de se ver como em outros lugares Mas são tão sólidos quanto os grilhões Que apertam e sangram os meus calcanhares Você vai dizer que eu exagero, que o que eu preciso é batalhar mais (Mas) você não convive com os tiroteios e o medo da morte que o caveira traz É ter de esperar o cheiro de sangue, o barulho dos corpos sendo empilhados De rabecão rumo ao inferno com nossos vizinhos ensanguentados Poeira, asfalto, estado, assalto O milagre da morte se perpetua E a desgraça da vida nua e crua Nascido e criado Buscando alento Juntando os cacos Diante ao relento O novo que chora O velho lamento É disso que falo No meu juramento O sistema corrompe e o que te resta É se sujeitar à mão do patrão (Que) controla sua vida com o pulso firme E nos faz lembrar tempos de escravidão O ódio se ergue constrói sua morada No peito do jovem que custa a entender Que ser preto e pobre é o seu crime Ter nascido no morro é um pecado à esconder Eu juro que não vou morrer sem tentar, mas isso é passado à cada geração A meta é pular pro outro lado do muro e manter esse ciclo de exploração Não existe lugar ao sol para nós o sistema nunca te deixa esquecer Você pode até sair da favela, a favela nunca vai sair de você Poeira, asfalto, estado, assalto O milagre da morte se perpetua E a desgraça da vida nua e crua Nascido e criado Buscando alento Juntando os cacos Diante ao relento O novo que chora O velho lamento É disso que falo No meu juramento A mão do estado é mais pesada aqui Mão da justiça, mais pesada aqui A mão do ódio é mais pesada aqui Mão da morte, mais pesada aqui A mão do estado é mais pesada aqui Mão da justiça, mais pesada aqui A mão do ódio é mais pesada aqui Mão da morte