Te quero querência Apesar de tua amarga e agonizante agricultura Com suas feridas abertas em tuas desérticas planuras Levas largas de latifúndios e loucuras Te quero querência Apesar do teu caduco caudilhismo de bravatas Tantos sem terra em meio a tanta terra farta Contrastes tristes de abundância e abandono Te quero querência Apesar da prepotência dos teus painéis de coca-cola Anunciando impunemente campo a fora Que esta terra finalmente já tem dono Te quero querência Mesmo que te amar implique em sofrer Te quero por saber o quanto é doce te encontrar Te quero por sentir o quanto dói te perder Te quero querência Apesar de teus bois no pasto e teus rastros de amargura Das agruras e burrices de tuas monoculturas Fronteiras frágeis entre a fome e a fartura Te quero querência Apesar de tuas matas mutiladas, quase mortas Sangas sem vida seguindo suas rotas tortas Nessa sina suicida de tuas idas sem volta Te quero querência Apesar da conivência com teus filhos feitos párias Da inconsciência sem limite de tuas elites agrárias Espaço escasso entre a razão e a revolta Te quero querência Mesmo que te amar implique em sofrer Te quero por saber o quanto é doce te encontrar Te quero por sentir o quanto dói te perder