Eu tenho meu chapéu preto por todos mui conhecido Foi presente do meu padrinho que há anos já falecido Foi lá num carreiramento num entrevero de facão Mataram o meu padrinho na mais covarde traição Com o corpo esvaído em sangue sentado ali no chão Tirou o chapéu da cabeça me acenando com a mão Cuide bem deste chapéu e tenha muita devoção Por gostar de viola e cantiga e andar pela madrugada Quando eu voltava pro rancho me armaram uma cilada O tal de Gomes Quintino e o tal de Pedro Louco Saltei de cima do pingo e enfiei meu chapéu no toco Furaram ele de bala pensando que era eu Somente meu chapéu preto nesta hora me valeu Depois daquela tragédia fui ficando conhecido Por nome de chapéu preto me puseram esse apelido Até a hora da morte guardarei este troféu Obrigado meu padrinho que hoje mora lá no céu Se hoje eu vivo cantando agradeço esse chapéu