Antes mesmo de o sol bater nas casas Cada um com a sua atribuição As vezes o pensamento bate asas Mas é preciso cumprir a obrigação Parece longo o caminho do rio Pesa a trouxa, no ombro da menina Não importa que o tempo faça frio É apenas mais um dia na rotina Ajoelhada como quem faz uma prece Esfrega o pensamento, limpa a solidão Mas é apenas um lambari que aparece Dividindo as migalhas do sabão O rio passa sem sair do lugar Forma espuma, na tabua que era do baldrame Quisera as vestes de um moço pra lavar E novos sonhos pra estender no arame E o rio parceiro de toda a mocidade Enche de lágrimas em chuva passageira E a menina que agora vive na cidade Não tem mais a obrigação de lavadeira A vida que é linda, às vezes ingrata Traz uma saudade escondida, no correrio Retomam o seu sentido, hoje cabelos de prata Sempre que volta aqui no rio