O cano da pistola reluz a luz Da cidade maravilha na cidade desespero Urbana o dia inteiro Ninguém sabe ao certo o lado que a pistola está Que mata por matar não importa o lado Não importa se usa farda ou pés descalços Não importa se é do estado ou da milícia Não importa se tem registro ou é ilegal A bala já cheira sangue deu até no jornal No jornal A bala já cheira sangue, tem um discurso reticente Uma vontade inconsistente de sentir o tambor girar De fazer o alvo dançar, perdida ou não A morte já vai consigo, vai da sorte do indivíduo Ou do santo que o acompanha E da missão que foi traçada para ela findar A lei da rua eu já sei, conheço bem A lei do silêncio, a lei do mais forte Quebrando regras eu falo o que penso Eu sou! A bala que vaga perdida sem dono Eu sou! O estilhaço da vidraça da janela da escola Eu sou! A criança baleada que não pediu pra morrer Eu sou! Mais uma manchete do jornal escorre sangue Sangue! Na cidade maravilha a coisa vai mal! Buiu não era mais que um pivete Mas já portava uma AK-47 Não sabia contar, mas já sabia atirar Não sabia contar, mas já sabia atirar A porta-voz do bang-bang é a polícia No olho da rua, ou num beco escuro Eles vendem sua honestidade para qualquer um Vestem sua farda para obter vantagem Seus poderes criam um submundo Onde o som do cano da pistola que as crianças roem Não são harmonias bonitas nem o juízo final