O rap é minha bíblia Madame eu falo gíria Das ruas trago a rima Quebrada é poesia Elas me querem tanto e ela não me quer tanto Preto causa espanto quando fala bonito Eu nunca me achei um santo Poeta do infinito preso num condomínio E o silencio grita tanto Foda-se o seu nazismo, Jesus nunca foi branco Não creio no seu cristo e nunca me achei um santo E o corpo tá fechado contra o mal olhado Preto e capoeira derruba o soldado O rap é meu quilombo Não sou mais um coitado Pegada de um monstro e as preta tem gostado O escuro que incomoda, rival do tal estado Sem essa de ser moda, rap politizado Se o escuro te incomoda óh racista disfarçado Cuidado com esses preto que tem o queixo levantado Meu país é funk, que se exploda o trump Contra temer sou punk Rebelde até no sangue Sou diamante negro, filho de um preto Eu sei que cê tem medo, desvia na calçada Preto por dentro e por fora Com o olhar cheio de raiva Cuidado então madame e não vacila na quebrada Que a mente do vilão já nasceu engatilhada Eu não nasci neymar, também não sei jogar Se não fosse minha véia eu seria fernando beiramar Me escondi nas linhas e me encontrei nas linhas Hoje eu sei que os meus versos fazem preta a poesia Som de periferia, sul das minas gerais Não prego pela guerra mas se for preciso eu largo a paz Respeito à velha escola, sejamos racionais! Porque o país da bola tem andado só pra trás